Implosão do Grupo Espírito Santo

A queda de um símbolo<br>da política de direita

Perceber o que se passou no caso BES/GES implica ir à génese do banco, como consolidou posições e alargou a sua esfera de interesses durante o fascismo, o seu desenvolvimento, os fluxos e refluxos, a nacionalização em 75, a privatização em 91, o crescimento sem limites e sempre com o apoio das políticas de sucessivos Governos, a promiscuidade com outras grandes empresas, a ramificação tentacular do grupo por vários sectores de actividade, pela esfera política e a captura de uma boa parte do tecido económico nacional constituído por pequenas e médias empresas através de rendas e juros, e, finalmente, o seu colapso por descapitalização do BES que era a base de um império constituído sobre dívida e crédito.

É desse percurso que se fala neste suplemento, a partir do notável contributo dado pelo Grupo Parlamentar do PCP aos trabalhos da comissão parlamentar de inquérito ao BES/GES – criada, aliás, por proposta sua – e da avaliação que é feita a este processo do qual emerge de forma muito clara – identificadas que estão as responsabilidades do Governo, de reguladores e supervisores, e os próprios mecanismos intrínsecos ao capitalismo que geram terramotos desta natureza – a necessidade absoluta do controlo público da Banca, única forma de garantir que possa estar ao serviço do povo e do País.




Mais artigos de: Em Foco

Marcha Nacional

A CDU apela à participação, no dia 6 de Junho, em Lisboa, na Marcha Nacional «A força do povo». A iniciativa conta com o apoio de conhecidas figuras da vida nacional, que vão desfilar do Marquês de Pombal aos Restauradores.  

Uma relação promíscua

Fundado em 1820 pelos filhos de José Maria do Espírito Santo Silva, a partir da casa bancária que este havia fundado em 1911 (J. M. Espírito Santo), o Banco Espírito Santo (BES) funde-se em 1937 com o Banco Comercial de Lisboa (BCL) e assume a...

PCP abre o caminho

Desde Junho de 2013 que o PCP vinha alertando o Governo e o Banco de Portugal para a situação do BES e do GES. Aliás, numa audição do Governador do Banco de Portugal, questionou directamente a idoneidade de Ricardo Salgado. E tinha razões para o fazer...

Obstáculos, omissões e ilusões

O PCP discordou desde o primeiro momento que a visão de PSD, mas também em boa medida de PS e CDS – a construção de um monstro moral, o sacrifício de um banqueiro caído em desgraça –, passasse, independentemente das grandes responsabilidades reais e...

Um governo capturado<br>pelos interesses dos poderosos

A forma como o Governo PSD/CDS não só não cumpriu o seu dever de ser garante último da estabilidade financeira como contribuiu para empenhar recursos públicos na salvação de uma instituição, socializando prejuízos e funcionando como agente de limpeza...

O todo poderoso capital

A predação do capital produtivo pelo capital bancário, resultado directo do desenvolvimento do capitalismo, tornou cativas das instituições de crédito praticamente todas as actividades económicas, independentemente da sua dimensão. As...

A urgência da alternativa política

O momento é o da assumpção de uma política de recuperação da soberania política e económica, colocando o sistema financeiro como instrumento dessa política. É inaceitável que o esforço colectivo e o...